sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A paixão segundo G.H.

Quem é G. H. no plano social não importa muito para o contexto do livro no começo da estória ela está tão distante de si mesma quanto está distante do que ela nomeia o Deus.Ocorre-me a pergunta enquanto leio:
-Deus era um primitivo antes de nos criar?
Pois um enraizamento sem nomenclatura  só alçam dois seres que já foram iguais.Diferente da Capela Sistina  o Deus não está ao alcance de milímetros do indicador.A descoberta ou descobertas foram feitas ao rés-do-chão.A descida do  ser como desconstrução.O não humano passa pela desertificação ao não conseguir engolir a barata o humilde destino.Se é que humildade se consegue a força...Numa sequência de números ou adiante deles o Deus é o um ou é o zero?
a beleza murcha a identidade não.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Água viva Clarice Lispector

Água viva é imagética ou sensacionista?.Ultrapassa a metalinguagem.
Bom é Lê-lo de um só fôlego.Me venderam como romance .Mas em tal não se enquadra.
Quem fala não é um Eu é um it. Como antes da nona semana não há um sexo.Água viva é um fazer-se para ver.Ou um sentir -se para divulgar(?).Vale a pena pela expansão da linguagem.
Quem lê Clarice não deve esperar nada conclusivo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Ó capitão, meu capitão!

Ouvi dizer:
Que feridas "viram medalhas"
Mas ó capitão meu capitão!
Pelo caminho não deixou migalhas!
Pés magoados
Caminhos imperfeitos
Poeta que não deixa o leito
Por ter estrela póstuma

Persuasão de Jane Austen

Será crível um amor perdurar por oito anos sem alimento ou esperança?
O romance entra sorrateiro  em mentes modernas.Da-se mais créditos a estória pelo tempo que ocorre e também por ser um meio rural.Talvez o desejo  não consumado, elevado a certa potência.Citando a própria autora:"Nunca poderemos.Nunca poderemos provar coisa alguma em assuntos como este".
Me irrita um pouco o noivo ser aceito pelo pai por uma "virada" do destino.
(Baú de dote)Transparente o amor só se torna no final.A fleuma e medo de Anne Elliot suplantados por este sentimento.Talvez só o primeiro amor exista...
E os outros sejam ilusões necessárias.As horas que  me envolvi com o romance não me arrependo.
Não pedirei reembolso ao tempo.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Dom Casmurro

Relendo Dom Casmurro, de Machado de Assis, não me importo nenhum  pouco se Capitu traiu.
O que mais gosto é o retrato da adolescência deles.Ela com catorze, "mulher feita", ele com um a mais, um tanto indeciso.Me pergunto o que seria de mim se tivesse que ser "mulher feita"aos catorze.
O que nenhuma de nós foi ou seria.
Provavelmente, acabaria num convento ou faria curso de normalista se pudesse.Melhor dizendo se conseguisse.
Saber é não ser uma construção de época, mas construção própria o que é muito  mais difícil.
No século vinte, e depois de Freud, criou-se a mania de tirar personagens do armário, que bobagem!
Não creio em nada disso, a menos que o escritor queira isso, como no conto, "A morte em Veneza".
Voltando ao Dom, o que me interessava no livro era o trançar apaixonado das tranças de Capitu, trançar e destrançar, ahh!...
A estrela é Capitu, Bentinho é o coadjuvante, ele pode ter-lhe dado um sobrenome, mas ela tem nome próprio, em seu mistério feminino profano.
A literatura não põe ou retira personagens no armário,  e sim retira leitores e leitoras.
Sem contudo ser influência, tú o leitor(@) é quem se lê!
E com licença prosa, cansei dessa conversa de pseudo análise Freudiana, dos críticos de antanho.
Prefiro voltar ao trançar e destrançar, os cabelos de Capitu, que deixou o meu coração a nú pela eternidade...


quinta-feira, 31 de julho de 2014

sobre livros e ler

O homem das profundezas de Arnold Federbush

É um livro  que me fez chorar.Tudo que lembro de livros são as sensações, talvez eu fosse muito adolescente naquele momento.Talvez a dismorfia corporal mensal  tenha me levado a isto.Será que eu sou nerd?
Afinal é  um livro de ficção científica o achei muito existencialista, baratas nos transformamos todos os dias mas um tritão é raro.Alguém que escolhe a sua morte e não fica a mercê do destino me faz pensar muito.O pior que o mar oferece é a morte certo.Não se preocupe caro leitor(a), já passei desta fase felizmente não com pontos...Píramo e Tisbe representam as metamorfoses do amor romântico.E o das profundezas a do amor próprio.
Hoje em dia a mocidade chora com a culpa é das estrelas talvez eu tenha criado casca não chorei.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Marchas


Usamos as palavras
E não as armas
Como a vida se ergue
Em campos lavras:
São estes nossos Dharmas!
De feminista já foi o melhor
Que me chamaram
Em pragas não me domaram
Já não morro do pior
A fé e o coração que inclinas!
Olhai como crescem as Meninas!
Vozes altas inda que roupas rotas
 Mãe-Terra e o que mais vier!
Lute feito garota!
Escute feito mulher!


De O musical que eu nunca fiz

Amor de paciência

Quando o amor está
A  morte não está
Dificil é demonstrar

Dentro de você se eu chegar para ficar
Você me acalenta
Ou vai me combater?

Eu me armei de paciência
Até para o que não irá acontecer
Ao coração tive obediência
Mesmo sem você nada prometer

Não sei o que sobe no seu conceito
Um amor submisso
Ou um samba rasga peito

Para que eu conte a estória do seu jeito
E eu finja que o amor é só isso:
Um bater no samba o peito
Diante da crítica que se entendia
E eu deixo em paz sua alma arredia

terça-feira, 29 de julho de 2014

Um soco


Um soco mo meu imo barroco
Mas eu o sinto
(De tronco maçiço)
Já pressinto
O sorriso irritadiço
Abraço a árvore
E ela reclama um coração

Arranhões

Coloque o gato na frente do espelho
E ele não se reconhecerá por fora
Arranha a própria imagem


Se se lambe é narcísico(?)
Pois ,ignora outrem
Só ele pode ver meu spleen
Sem fumaça
Só ele pode fazer-me
A devassa

Contabilidade essencial

Se não me falha as contas
Ainda tenho quatro vidas
Gata nem bela nem feia
Teço gestos para não ficar tonta...
Duas vidas dei ao léu
Duas me tiraram
E do sangue me filtraram
O ir e vir
Devir de mulher

Último pedido

Se o que penso e sinto
Falseio e minto
Melhor seria não pensar
E não sentir?

Ando nas emoções
Com os pés descalços
Sacrificando corações
Improvisando cadafalsos

Só sei que tudo se transubstancia
Esperando nos erros e nas curvas
Que tudo seja poesia

De Miados em meados de junho

Estes miados...
Antes do aniversário
Pensei ter me livrado
Pensei ter lavrado distancia
Disso em alguma esquina
Com poemas e saudades lusófonas
Músicas cafonas e cafeina
Me diz pelo menos
Que meu finado miado
A Ti alucina

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Pó de ser

O céu joga cinzas na cabeça
Isto deve dar polimento ao azul
Mas as cinzas dos mortos
Nâo dão  brilho a nada
Estou tão viuvamente possuida!
Ave imitadora preciso imitar um novo canto
Até sentir-me original novamente
Original bicando fruta

Viver das sobras do amor

Viver das sobras do amor
Não é viver de autopiedade?
Oh, mas tenho tanto respeito
 Pelo investimento de uma vida
Já me deram o endereço da fonte da juventude
E não fui a única a ficar em casa
Eu vi o seu medo da morte
E solidária cobri os espelhos

Ainda me espanto

Ainda me espanto
E é tão veemente
Que você continue no seu canto
E eu com esse amor inconsequente
Me espanto com a brisa que sopra do mar
(E não sei quando vou te arrancar)
Talvez um tsunami de outras memórias
Me dessem esta vitória
Cresci um espanto!

Os lírios


Os lírios foram
Ou serão?
Deixo você pensar que é só metáfora
(Eles sugaram a energia de um lugar e morreram)
Talvez fora a terra prometida
Ou idílica ou nem tanto
Talvez fossem lírios psicotrópicos
E eu os acreditava pacíficos
Eu sei que devo perdoar os lírios
Mas por hora não tenho forças

DE A traição dos lirios

Consumo subconsciente

É preciso escrever um poema
Sobre estar entediada em Paris ou Londres
E através de duros exercícios espirituais
Ser! Escrever!
Só que não chamarei de exercícios espirituais
É preciso lembrar do amor sem muito romantismo
O capital: o silêncio.
Sinto que minha poesia está inflacionada...


sexta-feira, 25 de julho de 2014

5

Feliz com tudo que não caiu de um dolmem
E até porque estivera doente
Tomo este que deitado tem a petulancia  de asas
E deitado tem a estabilidade de teto
Não soube qual escreveria nas suas costas
No sétimo sono
Você me arrosta
Por quê brincava com pão que recende frio?
Embora não suspeite a etermidade de uma noite
...Há uma casa com lareira
Quem sabe uma varanda com magnólias
Ou nada disso sinta ou queira
Sei que sem pensar os elementos escrevem na sua pele
Insonia companhia exigente!
Assim não me fira...
Não detenho
Sinto-me
Impele o ar
(O que me pede maior gesto?)
Também seu corpo palimpsesto
O corpo esguio?
O pão que recende frio?

4


E tem-se a impressão
Para muito além de seus dominios
O que é obscuro ilumine-o
Se a saudade for de verdade
Em si mesma achará o caminho
Em sí mesma achará consolo

3


Naquele  segundo
Que parece possível não se apaixonar
Você o faria?
Não creio,
Pois os precedentes
Parecem da má eternidade
Por isso talvez as tolices
Que logo dizemos:
_Sinto que te conheço há muito tempo...
E isto ser uma alívio
Isto posto
Pela fuga da má eternidade nos esforcemos

2

Não sei quem dizia
Que o amor é a primeira
Ou a última utopia
Não assinou a sua rebeldia
Sinto dizer:
_Se não mentia, criava!
Frio andar a esmo
Um catavento como espirito
(Talvez fôra isto, fiquei grande só para mim.)
Meu corpo nunca perjuro
Esta tristeza de bicho
Vi nascer no escuro
Minha felicidade num nicho


De inefável

1
Hoje eu só queria um abraço
Que banisse todo o meu cansaço
Hoje eu só queria um encontro
Que  banisse  toda a espera
Que se concentre no que é
E não no que era
Hoje eu só queria que entendesse
Que a distancia não sou eu

5

Então eu te chamo hóspede
Pois o silêncio e palavras trocamos
E só os dias poderão dizer
O que só o tempo sabe

4

Já nasceste desde que me abriu a porta
Estranha porque sem lágrimas se comporta
E o calor de sua mãe
Seja o calor do sol

3


Ser minha hóspede!
Eu não me tenho
Contemplo este horizonte
De hora fechado
Hora aberto senho
E perco-me
Falta nascer o anfitrião que eu seria

2

(Solta a voz como quem do resto do mundo se despede):
_Quero ser sua hóspede
Não porque sinto a áspide do mundo
Mas por motivos musteriosos
Que me tranbordam
E a ti tranpasam fundo

De no deserto o hóspede brilha


1
Talvez venha de espécie
Reconhecer espécie
O conceito de uma solidão refinada
Embora possa saber que não será longa a estada
O espirito querendo variedade
O anfitrião se define
Por estar mais presente:
No deserto o hóspede brilha

Dramática

Procuro jeitos de uma caricia
Ser mais enfática
Sei que a caricia é leve e eu dramática
Sempre essa ansiedade
De escrever para sempre
No que é evanescente
Sempre esse impulso de ir além do possível
...Sempre esse pulso rápido
Quando quase tudo em você quiser esquecer
Eu estarei lembrando mesmo em dias escuros
Em que não possa me aquecer
Minhas profanas escrituras não te deixaram esquecer

Alegro

Não posso passar um só dia
Sem a sua alegria
Triste experimentei sua ausência
Você se torna importante a cada dia
É pouca a separação por distancia
Espero que também por destino
A desejar seu olhar me obstino

A saudade transcende a solidão

A anos blues de você
Entrego seu coração ao universo
Serei livre com você
A  anos blues de você
O que seria a felicidade?
Somos diferentes mas eu sonho possibilidades
Há anos blues de você a saudade transcende a solidão

De a anos blues de você

Rosto

Mostre me o seu rosto
Porque tenho suposto alegrias
Você vem de onde eu não via
Tenho a imaginação contida e timida
Para saber da tua voz
E o que é feito de nós
Enquanto conversamos não tenha medo
Só sinto imensa ternura
Não vou ferir nenhum segredo
Ficarei na superficie até que você diga quando

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Negros e coloridos

Ando sonhando muito com incêndios
E quem não é strange fruit neste século?
Podem desfilar toda uma ideologia e seus compêndios
Que nunca entenderei a caça aos negros
A caça aos coloridos
Audre Lorde me transborde com isto jamais concorde!
Tudo que a poesia não tem decidido.
Soam eternos Billie Holiday e seus gemidos

Não é bem isso

Porque me importar
Meu mel não vai na veia
Não vou diperdiçar meu mel
Desculpe Cazuza a vida é confusa
E as pessoas especialistas em vacina anti mel
Quando meu mel alcançar a veia
Restará a conquista da alma
Ou o corpo é só o corpo
Velho trauma

Do esquecimento

Encontrar pessoas
Alienar meus montros
São os habitos que demonstro?
De uma obrigação me desliguei
Foi o jeito de salvar a própria alma
Culpa não é boa para escrever
E você que infernos pode prever?

Desafio

Escrever um livro inteiro
Sem usar a palavra(...)
Ir ao seu sentido quântico
Ó imediatos ,atos!
Se dissolvem no céu da memória
Talvez eu preserve a palavra numa redoma
Sem ser a vitima súbita que a toma


De poupemos as flores &achatando os peitos

Como  o titulo explica
Poupemos as flores
De nossos dissabores
O tempo o contar de horas
...Eu só quero dominar a vírgula
E as reticências
Antes de cair em decadência
E ruminar sem guia
Resisto as guirlandas naturais
E sou coroada pelo sol

Cena 4

Imagem sem som
Mensagem sem dom?

Cena 3

Entre o carteiro e o poeta
Léguas de sonho
Águas para os que sonham
Como andam de bicicleta
E esconderijo
Para esta
Seita secreta
A deusa poesia decreta

Cena2

"Eu ouviria as piores notícias
Dos seus lindos lábios"
Depois pediria aos sábios
Para esquecer
Que o amor é complicado
E cheio de falsas premissas
Um paraíso que cobiças
Entre a dor e a sevicia
Do alter ego
Um pássaro cego com vertigens
Que volta as origens
Para morrer

Dos rasgos nas cenas

Cena 1
Se a pele que habito
Estiver em algum conflito
Não me espere
Não dê mel a quem te fere

Se a pele que habito
Cair em ostracismo
Deixe as portas cerradas
Todas as palavras serão erradas

Se a pele que habito for ao cinema
Intercepte telefonemas
Mande-me um poema com palavras sussurradas

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Você que me seguiu


Você que me seguiu
Até aqui não entendeu
Eu fujo do cotidiano
O amor me rendeu...
Você que me seguiu porque me seguiu?
Eu sou só 
E sem orgulho
Eu planto livros
Nem sei por que
Fiz poesia do que fizeram de mim
Só vejo a noite sem fim
E não eu

Os becos


Os becos sem saída da cidade
Conferem-lhe maior identidade
O escuro a cicatriz na lua
Sua roupa com capuz
Sua secreta irreligião
Sei que nos becos sem saída
Sente a parede
E vai dslizando até o chão
Onde tenta dormir em vão

Vigilância

Quando não estou na janela
Deixo uma carranca
Vigiando ela
Ventos enfunam as cortinas
Você não vem
Em nenhuma hora clandestina

Definir é se acalmar

Amor é quando
A incerteza do amor
Pode repousar
Sim de certo
Ela sempre existirá
Porém  o corpo está
Onde a alma está
Amor é quando
A incerteza do amor pode respirar

De poemas de resistência

Ocupação

Você ocupou o meu país
Dos seus olhos alamares
Vieram a sedução
O primeiro culto em terras
Os sinos folhas celebram
A conquistada de além-mares

Adaptabilidade

A mulher é um ser que pode morrer
Em qualquer  lugar
E voltar a viver
Tira da natureza a maquiagem
Tira da natureza a tatuagem
A que cola em outro ser
Quis ser a imprópria bela imagem

Claustro

Há um desgosto de claustro
Em produzir versos estranhos
Peixe voando
Que sabe fazer?
Se entregar aos ciclos d'águas
Para no mar morrer?

Verso estranho

Eu agradeço a Deus
O fauno na casa de bonecas
Não poder cavalgar
O próprio cavalo de Tróia
Empurrado não poderia
A caseira encontrou emprego na cidade
E jamais lamenta não estar em casa

Das belas imagens

Há muitas primaveras
Um pássaro embaixo do fícus
Chegou a exaustão
Ao costurar meu coração
Com agulha e bico
Não sei quem arrulha
E ansiosa para sempre  fico

De embalsamadores de rosas

Defesa dos embalsamadores de rosas

A que servem,
Os embalsamadores de rosas?
Se são preciso águas poderosas
Para mudar um destino?
De que serve apenas a beleza um hino?
Prenhe de humanidade
Assim que se torna explicita sua verdade
Escondo-me
(Somos indefensáveis em mundo de aquém)
(Mas quem sabe em mundo de além?)

terça-feira, 22 de julho de 2014

Costumes

As pessoas não sabem realmente
Porque vão embora
Posso ficar mais próxima de mim agora
Não sei como soa:
Há muitas maneiras de partir
E só uma de sentir
Dom que se evapora

Concepção do tempo

Quem acreditará no amor
Que não desmente o tempo
Que não confunde as horas
A seu contento
Amor deixe os braços lassos
Que quero roubar-te
Mais que o relógio
E devolver-te tudo
Sem necrológio
Meu livro meu rebento

Outra da solidão

A solidão não coleciona
Vou celebrar o caminho que emociona
Enquanto não há encontro
A porta entreaberta
Tenho enviado sinais de neon
A blusa entreaberta
Escrito sweet home?

A nona vingança

A nona vingança
É uma sinfonia ou um parto?
Letras histéricas= a harmonia
Quando você vê  o adulto tropeçar
E é uma criança
Escrevo por uma lei de clemência
Que é muito melhor que a carência
Cedo prescreveu
E escrevo como alguém que sobreviveu

De histeris litteris

Do quase furor wherteriano
Melhor do que se matar por nada
É ter uma carta escondida no colete
Não se ama como antigamente
Triste flor do flerte
Conter o coração em disparada
E se concentrar num pessimismo cacete

poema 5

A fruta pão no galho do vento
E a fome de todo o sentimento
Fome que se arrepende
Procuro um livro
Que fale de tudo isso
Viagem....
O passaporte...O consentimento...
Por hora a vida que não vivo

poema 4

Crise número...Quem se importa?
Camadas de vazio, gelo no fundo.
Quebra com os compromissos
A ninguém abrir a porta
Suspiros profundos
Quando você ler isto
Ainda estarei viva

poema 3

Sou mais sentinte que pensante?
Ó alma que não se entorna!
Mais pedinte que gestante
O que darei ao mundo no próximo instante?

poema 2

Sou toda uma homenagem anônima
A mortos e utopias esquecidas
Quem sou é uma prece
Comigo parecida
Sou a sombra do esconderijo
De mulheres desaparecidas
E é insuportável ter o coração rijo

De parêntesis rompidos ao largo

1
Poetas não se curam com metáforas
Pois estão doentes dela
Fazem vacinas de nós
No tempo das máquinas
Sonho minha oficina atroz
E inauguração não vespertina
Onde se caça a voz
Da alegria do futuro
Outrora sibilina
O pão continuará duro
A desaparecerem merinas
A  anciã fará do tempo um provérbio
A pátina do tempo fará do poema um alfárrabio
Nada se pode prover ébrio
É o que diz o ultimo sábio

Simplicidade

Simplicidade se amealha em anos
Não em dias insanos
É um tesouro que nada compra
Que nada vende silêncio com  pompa
Abre os olhos aprende
O dócil humano

Doçura a toa

Esta doçura me ancora
Imploro que não me olhe
(Remexendo o tacho Cora)
Deixe que eu a planta molhe
Esta doçura a quem devo
Doa-la agora?
Doçura no exílio...Doçura no equilíbrio...

Interiorização

Cozer o arroz me organiza
Alguma vez fui oriental
E colhi mais que a brisa
Não sei se as noivas pecam
Ao jogar arroz sobre suas cabeças
Se as boas novas para elas
Serão extensas
Sei que cozer o arroz me organiza
Boa sorte é recompensa




Cotidiano solitário

Quis um abraço
Colocou uma blusa confortável
Percebeu que não era a mesma coisa
Há muito que estava estável
Só estável
Pensou quando viriam os anos felizes
Para os difíceis já estava agasalhada
Ventos nas galhas
Gelavam cicatrizes

De cotidiano sem front

Cotidiano é areia fina
Escorre pelas mãos
Aprendo todo dia
A manhã a disciplina
De ir devagar
De aparar os grãos
Sabendo que do tempo virá a pérola


segunda-feira, 21 de julho de 2014

5 de pulsão de voo

O voo gasta a angustia
Lamento os que fazem  dosséis das asas
Estes a memória arrasa
Eles sonham anistia
Quando tão próxima coexistias
(A inércia os movem)

4 de pulsão de voo

A batida precoce
Pode te empurrar do ninho
Sim se esforce
Para não azedar o vinho azul
Que pede que você decline
Há um desejo primordial
Que sustenta todos os outros
Há um desafio cordial
Em céus mais dispostos

3 de pulsão de voo Ou constatação demissexual

O sexo é impositivamente
Pulsão de voo e queda objetiva
Desejos condensados em um soul
No corpo de qualquer Diva
O velho poeta, foi prostrado para cima
Pobre de mim, fui prostrada para rima
A vida é um estanho rol
Eu soube cedo de oitiva
Nem cotovia nem rouxinol
Para outrem é bom cair da nuvem...
Eu só sei o que se ousou
É  sempre você quem não vem
Da inanição mais próxima estou
Essa constatação se jogou da sacada:
O amor é transmissível por amplexo
E jamais pelo amor abraçada
O sexo é o Oriente, do Nada!

2 de pulsão de voo

Fui levada nos ombros da noite
Não importava o destino
Sou a única que aprendo
Quando ensino

1 advertência

Se não estamos prontos
Engasgamos com o ar e ficamos tontos
O ar que deveria estar nas asas
Se estertora no corpo
Nâo abandonem suas casas
Até estarem prontos